Nossa Vida

Neve em Sarnia e a Virada de Ano

Depois de 14 dias aqui em Sarnia, ON, finalmente nevou. 31 de dezembro de 2019, Último dia do ano.

Meu filho me acordou umas 7h30, pedindo seu tetê (leite):

“Papai, quero tetê! Levanta, papai!”

Meio sonolento, lá vou eu preparar o leite do meu filho. Quando chego na cozinha, me deparo com essa cena de capa de revista:

Neve em Sarnia – 31 de dezembro de 2019

Neve! Nevou de madrugada e ainda está nevando! Ok, a gente chegou no dia 18, sobrevoamos o condado de Lambton até chegar em Sarnia e estava tudo branquinho por causa da neve, mas a gente não viu nevar; só vimos como ficou a paisagem depois da neve. Achávamos que iríamos passar o Natal com neve, como nos filmes e séries que eu assistia no Brasil, e nada. Mas agora nevou, e nosso Réveillon vai ser com neve! Uhu!

Levei o leite para o meu filho e logo pensei na Tati: ela tem horror a frio. Imaginei as mais diversas reações que ela teria com a visão da neve. Mais um menos uma meia hora depois ela levanta pra tomar café e quando chega na cozinha, dá um grito de surpresa:

“- Amor! Tá nevando!”

Falei que já tinha visto e ela logo ficou animada, tirou mais fotos, mandou para os parentes e amigos do Brasil e já queria marcar alguma coisa pra gente fazer na neve. Marcamos com Aurélio, Luana e Júlia de irmos no Canatara Park a tarde, para que as crianças pudessem brincar na neve.

A nossa manhã foi recheada com várias ligações, stories no Instagram e fotos da neve. Depois do almoço fomos ao parque e lá o Guilherme se esbaldou. Bem que dizem que crianças e cachorros adoram a neve.

Gui fazendo seu anjinho na neve do Canatara Park

Brincar na neve é divertido, mas se você não estiver preparado, dez minutos é o suficiente para você se arrepender. Eu mesmo fiz três mancadas:
– não comprei uma luva impermeável para brincar com a neve: luvas normais não servem para pegar a neve e molham facilmente; a mão fica gelada muito rapidamente.
não fui com gorro ou protetor para cobrir as orelhas: o vento frio começou a congelar as pontas das minhas orelhas e, não é frescura, dói!
– não tirei os meus brincos: uso brincos de ródio, um metal muito bom condutor de calor, com isso, minhas orelhas começaram a perder calor ainda mais rapidamente e ao começarem a congelar o metal parecia que estava cortando a carne!

Eu e a Tati no Canatara Park

Depois de um tempinho, orelhas e mãos geladas, Gui cansado de brincar, a Tati perguntou:

“De quem foi a ideia de gerico de vir brincar na neve?”

Aí a Luana respondeu:

“Sua!”

Se arrependimento matasse! Pegamos o Gui e todos fomos a um Dollarama para comprar luvas e gorros. Para quem não conhece, o Dollarama é uma loja em que tudo custa até C$4,00. Compramos nossa proteção para neve (nos disseram que essa neve foi só o aperitivo: em janeiro e fevereiro tem muito mais aqui em Sarnia!) e fomos pra casa. Não estava tão frio e a neve tinha parado de cair.

Chegamos em casa, para nos preparar para o jantar de fim de ano na casa da família Rosa, Júnior, Dani, Julia e Juliana, uma família linda que chegou em Sarnia dois anos antes da gente e com muita coisa em comum com a nossa história de vida. A Tati fez uma lentilha com bacon que estava divina e uma salada de acompanhamento. Dani fez uma fantástica salada de batatas e a farofa. Júnior cuidou do churrasco e do momento de oração. Júlia e Juliana prepararam a mesa. Eu e o Gui comemos com todo mundo.

Da esquerda pra direita: Júnior, Dani, Juliana, Tati, Gui, Anderson e Júlia.

A família Rosa tem um cantinho muito especial em nossos corações pelos carinho, cuidado e acolhida que despenderam com a gente nestes primeiros dias. Somos ternamente e eternamente gratos. Deus os abençoe sempre e se Ele quiser ainda teremos muita coisa para partilhar e conquistar aqui em Sarnia.

Jantar fabuloso, ligações para amigos e familiares, altos papos sobre família, estudos, mudanças, planos de vida e outros assuntos. Fizemos uma dinâmica em que cada um escreveu um bilhete para o seu eu futuro. As crianças começaram a cansar e queriam dormir. Nos despedimos e fomos pra casa. A neve começava a derreter e o chão criou uma camada de gelo escorregadia e perigosa. Eu mesmo quase cai com o Gui no colo!

Já em casa, umas quinze para meia noite deitamos e a Tati pediu para eu não dormir. Foi em vão. Adormeci logo em seguida. Ela ainda ficou alguns minutos acordada.

Pela manhã a Tati me disse que a meia-noite não teve fogos de artifício, cachorros latindo com medo, vizinhos gritando, buzinas. Foi tudo bem silencioso. Talvez esse seja o padrão canadense para o Réveillon. Bom, temos que acostumar, porque essa vai ser a nossa vida pelos próximos anos.

E foi assim terminou o nosso 2019 e começou 2020: sendo amparados, cuidados e abençoados.

Criei o VidaCanadense.com, sou esposo da Tati, pai do Gui, do Leo (in memorian), da Malu e da Laura. Moramos em London - ON, mas já moramos também em Sarnia - ON. Adoro morar no Canadá e escrevo para partilhar o que aprendo e compreendo pelo mundo.